4 de outubro de 2008

It's been a long, long time...

Desde o último post já passou mais de um mês (!)
Entretanto, as férias acabaram, a poeira assentou, e, enquanto pensava nas mil e uma decisões que tive de tomar este mês, o blog comemorou o 1º aniversário!!!!
A todos os ilustres visitantes que mais ou menos ocasionalmente aparecem por cá. um muito obrigado. A "Sociedade Individual" é de todos, por isso toda a gente é bem vinda.
Para o futuro, espero escrever muito mais posts, e ter muitos mais comentários... Vamos ver.
Quanto a esta ausência silenciosa devo sossegar as almas inquietas: Não.. Eu não adoeci, não emigrei, nem me esqueci do blog!!!! Apenas não tive realmente oportunidade nem inspiração nestas semanas super corridas que passaram. Espero que não volte a estar calado tanto tempo.

E de que falar hoje??? Bom... E que tal falar do"Crash"?? O super premiado filme de Paul Haggis , que eu só hoje, três anos depois, "visionei"...
É um filme brutal e poderoso a todos os níveis. Uma análise social crua, cruel. Haggis atira-se a analisar o homem, tal como o conhecemos hoje, tendo como pano de fundo a sociedade americana e os problemas sociais que a variedade cultural por vezes provoca. A temática do preconceito e do racismo é uma constante ao longo do filme, é, por assim dizer, o tema do filme.


A forma como as personagens se ligam, se aproximam e afastam, as histórias se cruzam e de como, no fim, as conclusões mais importantes a tirar parecem ficar a cargo de quem vê o filme, e não tanto de quem o faz... Tudo é sublime neste filme, o que cria um contraste com o próprio filme, onde as coisas não são perfeitas, não são harmoniosas, não são bonitas, não são ideais, mas bem reais.
A análise fria que Haggis faz e as conclusões a tirar deste filme conduzem a um enorme pessimismo antropológico... Mas só para quem eventualmente seja ingénuo ou demasiado distraído. A verdade é que hoje, já longe das convicções de Rosseau, mas também já distante das concepções Shoppenhauer, é urgente entender que o mundo é um sítio muito pequeno, mas onde as diferenças, entre pessoas, culturas etç são uma constante inevitável (e ainda bem...) e que, mais que tudo, há que aceitar e defender!!!!
Hoje já não há mais uma fronteira nítida entre os conceitos, entre os bons e os maus, os certos e os errados, os civilizados e os selvagens, os oprimidos e os opressores... No mundo de hoje, ao mesmo tempo que a globalização torna as pessoas, os gostos e as vidas cada vez mais homogéneas, há algo que parece pulsar dentro de cada um de nós e apelar à diferença, à rebeldia, ao inconformismo face ao estado das coisas. Tudo o que podemos perceber e captar, é sempre menos do que seria desejável, isto é, é impossível julgar que caminhamos na direcção correcta, que temos as ideias certas, ou as respostas para tudo. É insustentável admitir que a razão está sempre do nosso lado, porque não pode estar... E assim, de erro em erro, vamos passando pela vida, errantes...
Provavelmente não somos donos de nada. Nem das coisas, nem das verdades, e, por vezes nem de nós próprios. Provavelmente somos mais pequenos e insignificante do que julgamos. Provavelmente não estamos sós no Universo. Provavelmente não estaremos aqui daqui a 100 anos.
Quem tiver a humildade de compreender isso (de perceber que no mundo há coisas boas e coisas más, há luz e escuridão, há prazer e dor, e que tudo convive lado a lado) não terá problemas nem se assustará em demasia, quando de repente é posto em contacto com uma obra de arte poderosa como "Crash"!!! Para os outros, enfim, talvez seja só o começo de mais uma paranóia -tal como acontece, no filme, com Jean Cabot (Sandra Bullock) -será uma premonição ou apenas coincidência?
E a arte, convém não esquecer tem um papel social muito importante!!!!
Recomendo a toda a gente que vejam, se ainda não viram "Crash - No limite"!!!

Hasta....

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