4 de outubro de 2007

Teoria da relatividade

Ao fim de vários dias, tenho finalmente um pouco de "tranguilidade" para vos poder escrever alguma coisa de jeito...

Estes dias foram cansativos pelo ritmo elevado, regresso à faculdade, aos amigos, uma casa com um ambiente diferente, fervilhante de cultura e de inspiração lol.
Pôr a conversa em dia, (re)ver as "minhas" babes e resto da "turminha", observar como alguns outros amigos estão a acabar o curso ou até mesmo a começar a trabalhar! Notar que os Deobadá estão com tudo para fazer algo de especial e se superarem... Estão muito bem!
Nem que seja voltar a ver aqueles rostos conhecidos nas ruas, aquelas pessoas familiares com que nunca falei... É bom estar de volta ao Porto, mas infelizmente nesta altura é dificil ter tempo e paciência para depois tratar do Blog.


Hoje quando esperava pelo comboio (trem, em brasileiro rs) chegou um senhor e sentou-se à minha beira nos bancos... O senhor era invisual! Quando o comboio chegou peguei-lhe o braço e ajudei-o a entrar no comboio, a sentar-se...
Fi-lo porque acredito que todas as pessoas podem ajudar ou precisar de ajuda em alguma altura, independentemente da sua situação. Enerva-me um pouco quem faz o mesmo por ter "pena" da pessoa em causa e não simplesmente porque ela precisa de ajuda. E até eu próprio já o fiz e se calhar ainda o faço, por isso contra mim falo.
O que sei é que é uma questão complexa e muito "Kantiana". Mas não interessa agora.
Ajudei o senhor e senti-me bem com isso pois naquele momento, garanto, não foi sentimento de pena que me motivou a fazê-lo.

Mas fiquei a pensar naquilo, naquele senhor, pois é uma coisa que desde pequeno me impressiona e me toca bastante, e por isso considero que dou bastante valor à visão. Não consigo imaginar as coisas de outra maneira, faz-me mesmo muita confusão. Mas penso bastante nisso e ás vezes esses pensamentos ajudam-me a situar-me melhor no mundo, e assim verdadeiramente fazer uso da minha teoria da relatividade. A visão é para mim das melhores e mais indispensáveis coisas que há. É uma faculdade ou um instrumento perfeito, impressionante. E por isso imagino a falta de visão como uma das piores coisas que pode acontecer a alguém.

Talvez por isso tenho uma grande compaixão pelos invisuais... Mas Cuidado!
Não se pode confundir compaixão com "pena"! É importante perceber isso... "Pena" nós temos dos cães e dos gatos, pelo menos foi o que me ensinaram.
Quem somos nós para ter pena de alguém, sobretudo de um "cego"???? Eles não querem e não precisam que tenhamos pena deles; precisam é que os ajudem...mas sem ter "pena". É essencial perceber isso e interiorizar essa diferença.
Eu acho que, em geral, os invisuais são pessoas com uma coragem, uma dignidade e uma força de vontade impressionantes. Exemplos de vida num mundo em que os bons exemplos escasseiam. Eles contornam uma adversidade (uma das piores adversidades que posso imaginar) de uma forma admirável.
São realmente HERÓIS todos os dias!!!!!
Como é possivel eu ás vezes ter coragem sequer de vacilar ao enfrentar algumas fatalidades fúteis do dia-a-dia? Ás vezes pensar nisso envergonha-me.
Como podemos ser tão grandes e tão pequeninos?
Ah! Pensar nestes assuntos é óptimo pois permite-nos ver as coisas com mais objectividade e ver como tudo pode ser tão relativo...

A nossa vida até nem é perfeita; nem tudo corre ás mil maravilhas; eventualmente poderiamos ser muito mais felizes, temos sempre alguns contratempos. Aquele problema ameaça não ter solução etç etç etç...
É verdade,
o nosso dia-a-dia não é de longe um conto de fadas... Ainda bem que assim é. Eu sinceramente já não me adaptava a viver num mundo perfeito.
Acho que se tudo fosse perfeito tudo seria previsível, todos saberiam o que aconteceria amanhã e assim a vida deixaria de ter sentido, passariamos a ser meros "autómatos" da sociedade. Não haveria esperança, não haveria tristeza, mas também não haveria exactamente "felicidade". Todos viveríamos numa espécie de escravatura dessa perfeição.
Eu não queria mesmo viver assim...
Apesar de tudo, gosto de não saber bem o que vem amanhã, essa incerteza acho que é uma das razões para viver.
Senão é como jogar um jogo de PC com truqes. Para quê fazê-lo se já sabemos "a priori" como tudo acaba? (Foi o meu momento nerd do dia lol)
Se a vida fosse perfeita seria igual... Já saberiamos como tudo acaba; e para quê viver assim?
Para terminar, o que queria dizer com isto é que mesmo que a vida não seja perfeita, até mesmo se não formos felizes (a vida é a "busca da felicidade" certo?) não devemos deixar mesmo assim de estar alegres...
Devemos festejar a vida, porque tudo é relativo e quando temos 1001 razões para estar tristes, acreditem em mim, temos 1002 para estar alegres!!!! A começar por exemplo pelo facto de podermos ver as coisas. Pensem nisso...

Obrigado por aparecerem, por comentarem, por tudo! e desculpem a "seca" se porventura estas ideias estão um pouco confusas... Ainda me estou a habituar... Nevermind.

Beijos, vivam um dia de cada vez, na paz, com muito amor...
e fiquem bem!

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