14 de março de 2008

De volta à casa (mal?) amada - Leiam Sff!!!

E aqui estou, de volta a Portugal.

Chegou talvez a hora de abordar um assunto que há meses me atormenta, assim um "poucochinho"...

Após uma semana longe, o sufoco (sincero) diário de viver neste país torna-se naturalmente ainda mais duro. Apetece-me fugir, apetece-me não parar aqui, avançar para coisas maiores... Amo tanto o meu país e por outro lado, depois, "apunhalo-o" pelas costas desta forma, não consigo explicar tamanha confusão de sentimentos. Sinto-me decepcionado, preocupo-me com o rumo que tomamos, na verdade, tudo parece pior de dia para dia, tudo se agrava, ás vezes sinto-me tão loonge de ti Portugal... E no entanto, não posso deixar de te amar como uma (pátria) mãe.

Talvez o problema também esteja em mim. Talvez não consiga suportar a ideia de passar a vida aqui, preso e parado, embrutrecido por um país entregue à incompetência e à ignorância. Não... Isso seria demasiado doloroso. E eu sou demasiado inadaptável e insatisfeito para encarar isso. Sou daqui, mas não pertenço aqui... não pertenço a nada, a ninguém, de resto nem a mim... Talvez ao Mundo!!!

A relativa indefinição em que o meu futuro, por razões que pouco ou nada posso fazer, se encontra; aliado a algumas coisas mal feitas e que afectaram imenso o curso também ajuda à decepção geral. Tirar um curso de Direito para concluir que este país "Não é nada justo" é deveras frustrante meus amigos... Se tiverem só 21 anos, ainda mais estranho é.

Mas o que queria hoje dizer nem tem a ver com isso... è certo que me zango, me chateio e me farto imensas vezes deste país e de algumas pessoas. É também certo que "nós", portugueses, não gostamos "deles", portugueses...

Quero dizer; eu acho, e ninguém me convence do contrário, que os portugueses não gostam muito de si. E a prova é que todos os portugueses pensam num "português típico" que acredita estar nos antípodas da sua própria pessoa...
Mas vamos por partes, em 1º lugar o retrato-robô (não concordo necessariamente com tudo o que vou escrever mas também não discordo rs) Ora "O Portuga" será aquele sujeito de bigode, fato treino desportivo, peúga branca a beber o seu tintol na Amareleja a meio da tarde com 40 graus à sombra enquanto literalmente dizima uns enchidos e ouve um faduncho (que o português não gosta de fado senhores, mas de faduncho) ou lê o desportivo da semana passada agarrado ao rádio portátil com o comentário da bola; a companhia da numerosa família, o Renault5 vermelho de 87 com leitor de cassetes(mas só do Quim Barreiros) e o sotaque francês também não podem faltar entre várias outras cvoisas que a artrite nos dedos não me permite dactilografar agora...
Psicológicamente, o estereótipo do português, que nós próprios construímos à força para nosso deleite e desgraça, é em geral pessimista, brigão, pouco cultivado (algo "bronco" mesmo), cinzentão, mole, simples ("campónio" ou "provinciano" para os mais agressivos), é vagamente racista e homofóbico e provoca a risota, a indignação e o desprezo entre as altas esferas dos mais evoluídos círculos intectuais deste reino aos quais, paradoxalmentre, 90% dos portugueses acreditam pertencer...

O que é que não bate certo? É que se formos a ver, todos os portugueses, todos nós, nos rimos desta imagem, mas não nos apercebemos que é de nós que rimos e não dos "outros"... Ou será que acreditam que há por aí perdido num sítio isolado um português que seja e que diga deste meu "retrato": Sim senhor, muito engraçado, é a minha cara!!!"?
Não!!!! Ele mais depressa dirá "Ahah!! Bem apanhado!!!Os portugueses são mesmo assim..." mas ele não!!! ele não se inclui jamais nessa raça parodiada: "os portugueses".
Por isso, não me restam dúvidas: Quando nós próprios criamos uma imagem que julgamos real, de nós, para depois concluirmos que absolutamente ninguém admite encaixar nessa "imagem" a conclusão é uma de duas: Ou "nós não gostamos de nós" ou "Nós não somos portugueses"!!!!!!
E assim ficamos, com uma triste imagem do nosso povo em que nenhum dos 10000000 de portugueses julga encaixar, mas que perdura e é para sempre a imagem que guardaremos quando abrimos todos os dias o jornal e lemos "Portugueses estão cada vez mais pobres."
Será possível viver assim, nesta salada esquizófrénica???

O português afastou-se de si... A imagem que temos de nós tornou-se tão vazia e depreciativa que muito poucos creio eu, se reveêm nela. A consequência é que talvez assim pouco a pouco deixemos de nos sentir portugueses, deixemos de acreditar que realmente pertencemos a uma sociedade, cujo estereótipo nos é tão estranho, hostil e desagradável. E assim progressivamente, passamos a sentir-nos estranhos perante nós próprios e ficamos confusos; ou pelo menos aqueles que ainda têm esperança, coragem e uma boa dúzia de neurónios diligentes e em perfeitas condições após o contacto com a estupidez desta situação.

E por isso digo, sabendo de antemão que meio mundo me "cairá em cima", que não me sinto totalmente integrado neste país, mas antes no mundo... E depois perguntarão escandalizados: Então não amas o teu país?
Mas é claro que sim!!!!
Complicado de explicar... E ainda mais difícil de entender, suponho eu.

E depois há a política... Que coisa nauseabunda e horrível. Nem vale a pena falar disso; mas a propósito, que tal esta graçola (ou nem isso) que "se me veio à pouco":
Sócrates é como a lixívia, na televisão funciona bem, mas na realidade deixa muitas manchas... É ou não é digna de vencer o "Portuga de latão" na área da piada fácil em Março?

Mas desculpem, não quero parecer triste com isto... (E depois de uma piada tão seca já não pareço rsrs) A felicidade é um enorme mosaico de infinitas cores. Uma delas é a tristeza/preocupação e serve para fazer o "contraste"; também é parte essencial para o conjunto resultar. É... feliz, felizmente... Mas nem por isso deixo de ter também as minhas angústias. Contudo, sem grandes razões de queixa. Quer dizer, tirando talvez uma dorzita no tornozelo derivado a um buraco na rua de Cedofeita em frente ao café do Sr. Inácio. E, reparei agora, uma leve dor de cabeça... E pontadas... E suores frios... E ser hipocondríaco. rsrsrsrsrs

A propósito do que falei, tenho de lembrar aqui que há 1001 portuguese que admiro muito (além dos meus amigos claro, refiro-me aqui especificamente a personalidades)
Como não posso dizer todos, hoje vou especialmente homenagear um grande senhor, daqueles que nos fazem muita falta neste cantinho... O humor em Portugal está a crescer, a chegar a cada vez mais pessoas, a espalhar boa disposição e gargalhadas. Isso é mesmo óptimo, deixa-me nas nuvens aperceber-me disso.

Não posso deixar de manifestar a minha grande admiração, respeito e agradecimento, por exemplo, (e pois são o meu "top5") a:
Miguel Esteves Cardoso,
Ricardo Araújo Pereira,
Nuno Markl,
Bruno Nogueira
Fernando Alvim

Estes cinco senhores, dotados de grandes arsenais de boa disposição, inteligência, perspicácia e cultura geral, contribuem para que este país seja um pouquinho melhor, tornam a vida cá mais suportável (exagero...), dão motivos para rir, mas também nos ensinam muito (a mim pelo menos). Sempre achei que o humor inteligente é uma arma poderosa, útil e eficaz contra várias ameaças; já sabem, usem e abusem dele!!!!!!! A razão deste post vem aliás da minha mais recente visita ao "Alvim", onde me deparei com um texto, aliás vários, mas este em especial, que não posso deixar de partilhar com vocês...

Creio que o Fernando Alvim não levará a mal, pois publicar o post dele aqui é, no fundo, uma homenagem e também um pequeno, mas merecido, prémio.
Um grande "Saludo" para vocês e aqui vai:

"Os melhores" 6 de Março de 2008

Os melhores cantores são os bêbados, os melhores cabeleireiros são os larilas, os melhores taxistas são os que dizem “No tempo do Salazar é que era bom”, o melhor cigarro é o primeiro do dia, o melhor carteiro toca sempre duas vezes e uma delas é na nossa mulher, o melhor leitão é o da Mealhada, a melhor Miss foi a Helena Laureano mas já foi há muito tempo. Os melhores filhos são os nossos, os melhores pilotos são aqueles que já caíram uma vez ou outra mas sem importância, os melhores filmes nunca ganham os óscares, a melhor festa é sempre aquela a que não vamos, as melhores evasões são as fiscais. Os melhores árbitros são aqueles que conseguem roubar mesmo à frente do nosso nariz, as mulheres mais bonitas são sempre as dos outros, as melhores mercearias são as mais careiras, os alunos de maior talento são os que não estudam nadinha, os melhores políticos são os que se fazem aprovar tal qual uma lei.

Os melhores artistas são os que vivem na penúria, os maiores génios são os que obtiveram reconhecimento depois de morrer, a melhor notícia é a de abertura, o melhor do mundo foi o Pele. Os melhores momentos são aqueles que não estávamos mesmo a contar, o melhor do dia foi isto agorinha mesmo, o melhor orgasmo “desculpem mas não posso dizer!” a melhor caneta é aquela que não escreve no exacto instante em que precisávamos dela, o melhor lápis é aquele que desaparece no momento em que alguém do outro lado da linha nos diz “Quer apontar o número?” e nós do outro lado” Quero pois, estou só aqui à procura de um lápis que deve estar por aqui, é só um bocadinho se não se importa, porra para a porcaria do lápis que não aparece, oh querida viste o lápis? A melhor comida é a lá de casa, o melhor calor é o do Inverno, a melhor namorada foi a primeira, o melhor jogo foi aquele 6 a 3, a melhor fundação é a que faz lavagem de dinheiro, o melhor ladrão é o que rouba aos ricos para dar aos pobrezinhos, o melhor pudim- e agora cantemos todos juntos - "É pudim Danone! Não pares!Não pares!É pudim Danone!" - o melhor nariz é do Júlio Isidro, a melhor caldeirada é a que estamos metidos, o melhor número suplementar é o do totoloto, o melhor domingo é aquele em que passamos a ver filmes deprimentes deitados no sofá, o melhor tempo é o tempo da outra senhora, o melhor de tudo é termos saúde, a melhor série foi o verão azul, a melhor jornalista é a Clara de Sousa quando vem com uma saia curtinha, a melhor linha foi “Bingo!”.

A melhor mãe é a nossa, a melhor frase é aquela que nunca te disse, o melhor orvalho é o da manhã pela fresquinha, as melhores previsões meteorológicas eram as do Anthímio de Azevedo. Os melhores doces eram os da avó, a melhor canja é a de galinha, o melhor vizinho é aquele que só chama a polícia por volta das 2 da manhã, as melhores multas são as que são amnistiadas com a vinda do Papa, a melhor revolução foi o 25 de Abril, os melhores desenhos – com excepção da animação com bonecos de plasticina da Bulgária – eram os do Vasco Granja, a melhor aposta era a “ai que me esqueci de preencher o boletim!”, o melhor médico era o de família, as melhores compromissos são os inadiáveis, o melhor número será sempre o 115. O melhor partido é “aquela rapariga que é de boas famílias, filho!”, o melhor sindicalista foi o Torres Couto quando tinha bigode. A melhor noiva é aquela que chega mais de meia hora atrasada, o melhor aumento já foi há muito tempo, os melhores recibos são os verdes, o melhor da minha rua, sou eu.

Obrigado, Fernando Alvim!!!!!!!
(e Bruno Nogueira, Ricardo Araújo Pereira, Nuno Markl e Miguel Esteves Cardoso)

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